O Djembe está associado ao império Mali, que surgiu no ano de 1230, e que incluía partes do que hoje é a Guiné, Mali, Burkina Faso, Costa do Marfim e Senegal.
Alguns pesquisadores acreditam que a origem do tambor possa ser mais antiga.
O seu formato sugere que ele possa ter sido criado a partir do pilão, cuja percussão no preparo de alimentos ainda hoje é um dos primeiros sons ouvidos pela manhã nas aldeias do oeste africano.
No triângulo Kurussa - Niani - Niagassola, entre Guiné e Mali, no oeste da África, desenvolveu-se um grande império que obteve grande expansão, tornando-se o maior e o mais prestigiado império africano da Idade Média – O Império Mandinga ou Kendê-Mandê. Os mandingas teriam vindo do Leste, e se instalado em três províncias: O país de Do, o Kiri e Ba-ko e formavam uma confederação de clãs onde podemos citar entre eles os Camará, Traorê, Condê, Kurumá e Konatê, entre outros. Após uma longa hegemonia dos Camará, depois dos Traorê, os Konatê dominam a região, e é com uma ramificação deste clã, os Keita, que se inicia o Império, sob o comando de Sundjata Keita (1205 – 1255).
São de origem Mandinga os grupos étnico-linguísticos : Malinkê, Bambara, Dioula, Bobo, Sussu, Soninkê, Bozo, Bisa, Kuranko, Tomã, Mende, Tura, Dan, Koniakê, Guerzê, Manon, Kpelê, Gouro, Ligbi, San, Busa, Way e Gagu.
Os três primeiros dessa lista possuem mínimas diferenças lingüísticas e são considerados os “fundadores” de todo o tronco Mandinga.
A música e a dança estão presentes em todas as solenidades Malinkês e na maior parte das reuniões populares até os dias atuais, onde unem e transformam numa só manifestação, simbiótica e alegre.
O djembê (fala-se djembê ou djembé) é um tambor em formato de cálice, confeccionado em tronco de madeira escavado (originalmente o Lenkê).
É originário dos Mandingas, mas não há uma precisão de datas e há várias histórias e lenda sobre a sua invenção. Alguns asseguram que foram os ferreiros/engenheiros (Numu), a partir de abrangentes necessidades de comunicação e manutenção social. E seu formato é assim pois dizem que ele foi feito a partir de um pilão...
Ele já passou e passa por diversas evoluções e transformações em seu formato e na sua montagem, onde sua afinação possibilita freqüências sonoras extremamente agudas, devido à chegada das cordas sintéticas, dos aros soldados, e das ferramentas que auxiliam a “puxada da pele”.
Existem relatos de antigos djembês com cravelhas como as do Sabar e djembês afinados com cunhas, como atabaques. Se compararmos gravações antigas (de 1930 a 1950) com as mais recentes (a partir do fim da década de 50 e início de 60 até hoje) vemos que os djembês tinham uma afinação muito mais baixa.
A grande força do djembê é o seu conceito de “falar”, onde a personalidade do músico, sua educação, sua cultura e seu conceito de mundo ficam em evidência, uma vez que os Malinkês, um dos principais grupos étnicos dos mandingas, são considerado como “Pessoas da Fala”.
Dão grande importância à colocação das palavras.
Os djembefolás (pessoas que fazem o djembê falar) sempre foram considerados de "homem de nada" (mófu), o mais baixo na hierarquia dos instrumentistas, sendo que até hoje eles podem sofrer a repulsa dos pais de suas futuras noivas.
Eles só começaram a ganhar destaque na Guiné e depois internacionalmente com a revolução do presidente Sekou Touré, que recrutou os melhores artistas de cada aldeia e etnia e patrocinou inúmeros grupos de música Pop no formato de Big Bands (22 pessoas ou mais) assim como balés regionais e os de porte internacional.
Na Guiné, um grupo musical típico usa três djembês e três dununs. Os djembês com afinação mais aguda são para os solistas e os outros instrumentos tocam acompanhamentos.
Um grupo de djembê e dunun tradicional não toca musica para as pessoas ficarem sentadas ouvindo.
O ritmo é criado para dançar, cantar, bater palmas ou para trabalhar.
A distinção ocidental entre músicos e plateia é inapropriada dentro de um contexto tradicional.
Um ritmo raramente é tocado como uma performance, mas sim como uma interação entre músicos, dançarinos, cantores e observadores, formando um só grupo, onde os papéis geralmente se modificam na medida que a música progride.
Atualmente os djembefolás são responsáveis por um turismo cultural intenso na Guiné, onde muitos são respeitados como heróis nacionais e vivem muito bem no exterior, voltando periodicamente para ministrar seus workshops e movimentar a economia guineana.
Os músicos e participantes formam um círculo, onde o centro é reservado para os dançarinos.
O djembê solo toca frases que acentuam os movimentos da dança, buscando marcar com o ritmo a “pisada” do dançarino. Existem as danças tradicionais, mas os solos de dança geralmente não são coreografados e tanto o dançarino como o músico se movem de acordo com o que vai sendo criado na hora. Isso requer do djembefola (aquele que toca djembê) um grande conhecimento da dança e bastante experiência para adquirir o repertório rítmico necessário.
O solo também pode acontecer quando ninguém está dançando.
Apesar da grande liberdade para improvisação, as frases do solo não são aleatórias.
Antes dos anos 50, o djembê era praticamente desconhecido fora de sua terra natal.
Ele começou a ser ouvido fora da áfrica com “Les Ballets Africains”, criado em 1952 por Fodéba Keita.
O ballet fez sucesso pela Europa.
Em 1958 foi proclarado ”Ballet Nacional” pelo primeiro presidente da Guné independente, Sékou Touré, seguido pelo Ballet Djoliba em 1964.
A política de Touré utilizou-se da cultura tradicional como meio de promoção do país e do governo, e os balés eram vistos como uma forma de integrar costumes e ritos dos diferentes grupos étnicos presentes na Guiné.
Os balés foram generosamente suportados por Touré, que construiu um espaço para ensaio do Ballet Djoliba em seu palácio e financiou turnês mundiais que despertaram a atenção da audiência ocidental para o djembê.
Os ritmos tem frases específicas que o solista deve conhecer e integrar na sua improvisação. Um solista habilidoso também procura harmonizar seu solo com o ritmo criado pelos outros instrumentos.
Com sua morte em 1984 os recursos para os balés se reduziram e muitos djembefolas firmaram seu trabalho em outros países, incluindo Mamady Keita (Bélgica e Estados Unidos) e Famodou Konatê (Alemanha).
Outros, como Bambara Bangoura, seguiram seu exemplo e criaram um mercado de trabalho para artistas e professores em vários países da Europa e América do Norte.
Com esse trabalho, a popularidade do djembê cresceu cada vez mais. Em 1991, Laurent Chevallier realizou o documentário “Djembefola”, sobre o retorno de Mamady Keita a sua aldeia após 26 anos de ausência, ganhando váriós premios internacionais e mostrando o djembê para um grande público.
A partir da década de 80, alguns djembefolas começaram a organizar viagens de estudo para a Guiné, permitindo a muitos estrangeiros o contato direto com a cultura tradicional e moderna do djembê.
O turismo do djembê criou um mercado para artistas que antes não existia e um amplo comércio de instrumentos, tecidos e artesanatos. Jovens djembefolas tentam seguir os passos de seus famosos predecessores e procuram atender as demandas de turistas dos cinco continentes.
Hoje vemos grupos de alunos estrangeiros apresentando-se lado a lado com grupos locais em festivais na Guiné.
Fonte: https://www.facebook.com/CasaLindadeAmigos/posts/233658626785841